O Dia do Julgamento

05-01-2011 08:36

O Dia do Julgamento

Por Ray Comfort

Tradução: Fernando Guarany Jr.

   

“Dê-me cem pregadores que nada temam a não ser o pecado e nada desejem além de Deus, e não darei a mínima se eles forem teólogos ou leigos. Tais homens sacudirão os portões do inferno e estabelecerão o reino de Deus na terra.”

John Wesley

 

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Comentário de Kirk Cameron: Um amigo meu certa vez me perguntou, “O que é o Dia do Julgamento?” Se os pecadores não estiverem cientes do Dia em que prestarão contas de suas vidas a Deus, não verão a necessidade de atentar ao comando de Deus ao arrependimento: “[Deus] ordena que todas as pessoas em todos os lugares se arrependam: porque determinou um dia em que julgará o mundo em justiça” (Atos 17:30, 31).

 

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Perguntas e Objeções

 

“Jesus não condenou a mulher apanhada em adultério, mas os que a julgavam. Portanto, você não deve julgar aos outros?”

 

O cristão não está “julgando os outros”, mas simplesmente falando ao mundo sobre o julgamento de Deus – que Deus (e não o cristão) julgou o mundo inteiro como culpado diante Dele (Romanos 3:19, 23). Jesus foi capaz de oferecer perdão àquela mulher por seus pecados, pois estava a caminho para morrer na cruz por ela. Ela O reconheceu como “Senhor”, mas ainda assim, disse-lhe: “Vá, e não peque mais.” Se ela não se arrependesse, pereceria.

 

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Imagine uma cidade no Velho Oeste na qual não há justiça. Seus cidadãos são roubados, violentados e assassinados. Os moradores se reúnem e decidem trazer à cidade um famoso xerife que tem a fama de levar consigo a justiça onde quer que vá. Todos os bons cidadãos se regozijariam em ver os culpados trazidos à justiça.

 

            Durante a década de 1990 nos Estados Unidos, houve 200.000 assassinatos. Surpreendentemente, a metade destes assassinatos ficaram sem solução. Isso significa que 100,000 assassinos nunca foram levados à justiça. Portanto, 100.000 pessoas foram alvejadas, esfaqueadas, estranguladas, empurradas de edifícios, mortas a machadadas, etc., e ninguém foi punido pelos crimes. A humanidade pode ser capaz de tão terrível injustiça, mas Deus não é. Ele se certificará de que todo assassino receba o que merece. No Dia do Julgamento, todos os assassinos, como também estupradores, ladrões, mentirosos, adúlteros, fornicadores, etc., finalmente serão trazidos à justiça.

 

            O Dia do Julgamento é o clímax das eras. É o dia pelo qual toda a criação anseia, um evento pelo qual a própria terra clama. E vem clamando desde o dia em que foi derramado o sangue de Abel e continuará a clamar até a última injustiça dos tempos. Deus ama a justiça – e a executará:

 

Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra; ruja o mar e a sua plenitude. Exulte o campo, e tudo o que nele há; então cantarão de júbilo todas as árvores do bosque diante do Senhor, porque ele vem, porque ele vem julgar a terra: julgará o mundo com justiça e os povos com a sua verdade.  Salmo 96:11-13

 

Não se preocupe por, ao referir-se ao Julgamento, estar causando medo nos pecadores. Eles pecaram contra Deus e Sua ira habita sobre eles. Na verdade, a Bíblia os chama de “filhos da ira.” Será, então, que não deveriam mesmo temê-Lo? Veja estas palavras de Isaac Watts:

 

Nunca conheci uma só pessoa durante todo o tempo de meu ministério que reconhecesse que os primeiros movimentos em direção à religião começaram em seu coração a partir do sendo da bondade de Deus: “Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito?” Muito pelo contrário: até onde tenho conhecimento, as pessoas foram primeiramente motivadas a fugir da ira vindoura pelo ardor do medo.

 

O Dia do Julgamento é a razão pela qual as pessoas são ordenadas a arrepender-se (Atos 17:30, 31). Se não pregarmos que Deus julgará o mundo em justiça, não deveremos nos surpreender que elas fiquem passivas em relação a responder ao Salvador. Se dissermos que precisam apenas crer, então, não devemos ficar surpresos quando a igreja encher-se de falsos convertidos que crêem, mas não têm temor suficiente a Deus para Lhe obedecer.

 

            Portanto, devemos nos lembrar que não é suficiente pregar a Lei Moral. Ela precisa ser pregada em conjunção à punição futura. Já foi dito que a Lei sem conseqüência nada mais é do que um bom conselho. Devemos pregar que aqueles que cometem adultério, aqueles que mentem e roubam, etc., serão punidos no Dia da Ira. É a pregação da punição futura que produz temor, e é pelo temor do Senhor que as pessoas abandonam o pecado (Provérbios 16:6). A Bíblia nos diz que a “Lei opera ira” (Romanos 4:15). Martinho Lutero declarou: “O correto efeito da Lei é nos tirar de nossas tendas e tabernáculos, isto é, da calmaria e segurança de onde vivemos, e da confiança em nós mesmos, e nos conduzir à presença de Deus, para nos revelar a Sua ira, e nos colocar diante de nossos pecados.”

 

            Ninguém abandona seus queridos pecados a menos que veja razão para isso. O inferno é uma boa razão. Entretanto, é difícil para qualquer Cristão pregar julgamento e a realidade do inferno sem usar a Lei. Imagine se a polícia invadisse a sua casa, o prendesse e furiosamente dissesse: “Você vai cumprir uma longa pena!” Tal conduta o deixaria desnorteado e furioso, pois o que acabam de fazer parece irracional.

 

            Por outro lado, imagine se a polícia invadisse a sua residência e lhe dissesse especificamente o que você havia feito de errado: “Descobrimos 10,000 pés de maconha no seu quintal. Você vai cumprir uma longa pena!” Então você entenderia o porquê  de estar em apuros. O conhecimento da lei que você transgrediu lhe fornece tal entendimento, e torna o julgamento racional.

Pregar o fogo do inferno sem o uso da Lei para mostrar aos pecadores a razão pela qual Deus está irado com eles provavelmente os deixará desnorteados e furiosos – por considerarem tal julgamento irracional. O pecador não consegue conceber o pensamento de que Deus mandará alguém para o inferno, enquanto estiver enganado e pensando que o padrão da Justiça de Deus é o mesmo que o dele. R. C. Sproul acertadamente disse: “Provavelmente não há em teologia um conceito mais repugnante à América moderna do que a idéia da ira divina.” Isso ocorre porque a América foi deixada na escuridão em relação a natureza espiritual da Lei de Deus e, portanto, não possui entendimento da santidade absoluta e inabalável de Deus.

 

            Entretanto, quando usamos a Lei legitimamente, ela apela para a “razão” dos pecadores. Paulo arrazoou com Félix sobre seus pecados e o julgamento vindoura, de maneira que o governador “estremeceu” (Atos 24:25). Ele repentinamente entendeu que era um pecador culpado à vista de Deus, e o inferno se tornou algo razoável. Sem dúvida que a “justiça” da qual Paulo falou era a justiça que é da Lei, o que fez com que o temor de Deus pesasse no coração de Félix.

 

            Portanto, nunca subestime o poder que há em arrazoar com um pecador (usando a Lei) sobre a realidade do inferno. Aprenda a apresentar cenários extremos que o coloquem em um dilema moral. Por exemplo, você pode dizer: “Imagine se alguém estuprasse sua mãe ou irmã e, em seguida, a estrangulasse. Você acha que Deus deveria puni-lo?” Se a pessoa for razoável, dirá: “Sim, claro. Isso faz sentido.” Então, pergunte: “Você acha que Ele deveria punir os ladrões?” Em seguida, pergunte à pessoa sobre os mentirosos (se Deus deveria punir os mentirosos), etc. Diga-lhe que Deus é perfeito, santo, justo e reto, e que a “cadeia” que Ele preparou para punir os transgressores se chama “inferno.”

 

            Sempre conduza o pecador de volta aos seus pecados pessoais. Lembre-se de falar-lhe à consciência: “Você sabe o que é certo e o que é errado. Deus lhe deu uma consciência.” Algumas pessoas acreditam em um inferno temporário (purgatório), ou em “aniquilação” (que a alma [simplesmente] deixa de existir após a morte). A Bíblia, por outro lado, fala de uma punição eterna consciente. Se a pessoa disser que isso é muito duro, diga-lhe que é mesmo. Se acharmos a punição eterna terrível, o que devemos fazer a respeito – levantar o punho a Deus? Quando tais pensamentos tolos adentram nossas mentes, devemos ir ao pé da cruz e meditar no grande amor que Deus teve por nós – que Ele estava em Cristo reconciliando o mundo a Si mesmo. Então, devemos transformar o horror em preocupação e alertar os pecadores para que fujam da ira vindoura.

 

            Charles Spurgeon disse:

 

“Deus determinou um dia em que julgará o mundo, e suspiramos e choramos até que termine o reino da impiedade e dê descanso aos oprimidos. Irmãos, devemos pregar o vinda do Senhor, e pregá-Lo mais do que temos feito, porque é o poder do Evangelho. Muitos têm prendido estas verdades e assim o osso foi tirado do braço do Evangelho. Sua ponta foi quebrada; seu gume foi cegado. A doutrina do julgamento vindouro é  poder pelo qual as pessoas são despertadas. Existe uma outra vida; O Senhor virá uma segunda vez; o julgamento chegará; a ira de Deus será revelada. Onde esta mensagem não é pregada, ouso dizer que o Evangelho não é pregado. É absolutamente necessário à pregação do Evangelho de Cristo que as pessoas sejam alertadas a respeito do que acontecerá se elas continuarem em seus pecados. Ôu, ôu, senhor cirurgião, o senhor é delicado demais para informar ao seu paciente que ele está doente! Espera curar os doentes sem eles tomarem conhecimento. Assim, o senhor os lisonjeia: e o que acontece? Eles riem do senhor e dançam sobre suas próprias covas. E finalmente morrem! Sua delicadeza é crueldade; suas lisonjas são veneno; o senhor é um assassino. Será que devemos manter as pessoas em um paraíso de mentira? Será que devemos adormecê-los em doces sonecas das quais apenas acordarão no inferno? Será que devemos nos tornar colaboradores para sua condenação através de nossas agradáveis conversas? Em nome de Deus, não!”

 

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Perguntas

 

1.      Por que não devemos nos preocupar que, ao falar em julgamento, isso causará temor nos pecadores?

2.      Se não pregarmos sobre o julgamento vindouro, qual será o resultado?

3.      Por que é difícil para os Cristãos pregarem sobre o julgamento e o inferno sem fazer referência à Lei?

4.      Qual a relação da Lei com o julgamento?

5.      De acordo com R. C. Sproul, o que a maioria das pessoas acham da ira de Deus?

6.      O que a punição eterna do pecado nos mostra sobre Deus?

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O Pregador

 

Vivi Duvidosa: Cristão, quero lhe fazer uma pergunta?

 

Cristão: Pois, não. Qual a pergunta?

 

Vivi Duvidosa: Admito que já contei lorotas e mentirinhas. Mas, Deus vai me mandar para o inferno por contar apenas uma mentira?

 

Cristão: Você está dizendo que seus pecados são “pequeninos” e que, por isso, você acha que eles não deveriam levá-los ao inferno?

 

Vivi Duvidosa: Acho que é isso mesmo.

 

Cristão: Vamos analisar da seguinte maneira: Quantas mentiras já contou em sua vida: uma, duas ou mais?

 

Vivi Duvidosa: Acho que a terceira opção.

 

Cristão: Então, o que isto torna você?

 

Vivi Duvidosa: ‘Uma mentirosa’ é que não! Essa palavra seria dura demais.

 

Cristão: Vivi, você contou muitas mentiras e, mesmo que tivesse sido apenas uma mentira, ainda assim você seria uma mentirosa.

 

Vivi Duvidosa: Não vejo assim.

 

Cristão: Se eu cometer um homicídio, me torno um assassino. Se roubar um banco, me torno um ladrão de bancos. Se cometer adultério uma única vez, me torno um adúltero. O mesmo vale para mentiras.

 

Vivi Duvidosa: É. Faz sentido.

 

Cristão: Seus pecados podem parecer pequeninos para você, mas para Deus eles são muitos e muito sérios. Se um juiz, por exemplo, aplicasse uma multa de R$ 5,00, concluiríamos que o crime do transgressor tinha sido pequeno. A punição reflete o crime. Entretanto, se um juiz condenasse um criminoso a cinco prisões perpétuas, concluiríamos que o crime havia sido hediondo. A punição de Deus para o pecado é a condenação eterna no inferno. Isto demonstra como nossos “pecadinhos” são inenarravelmente sérios à vista de um Deus santo.

 

Vivi Duvidosa: Certo.

 

Cristão: Então, você consegue perceber que tem uma multidão de pecados, dos quais está ciente, e que corre o risco de ser condenada para sempre?

 

Vivi Duvidosa: Sim. Agora percebo.

 

Cristão: Vivi, Deus a ama de tal maneira que Se tornou um ser humano em Jesus Cristo para poder receber o castigo pelos nossos pecados. Se você se arrepender e confiar em Jesus Cristo, por causa de Sua morte e ressurreição, Deus poderá conceder-lhe a vida eterna.”

 

Vivi Duvidosa: Será mesmo? O que está dizendo parece bom demais para ser verdade?

 

Cristão: Se o que acabo de lhe dizer fossem apenas palavras humanas, seria mesmo bom demais para ser verdade. Contudo, esta é a promessa do Deus Todo-Poderoso a todos aqueles que Lhe obedecerem.”

 

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Penas para Flechas

 

Anos atrás, um anúncio de TV usava a voz grave de um locutor para fazer a seguinte pergunta: “O que passa pela cabeça de um motorista no momento de uma colisão frontal se ele não estiver usando o cinto de segurança?” Enquanto falava, o comercial mostrava um boneco sem o cinto de segurança reagindo em câmara lenta à colisão. Conforme o boneco se movia para frente por causa do impacto, o volante atravessava o seu crânio. Em seguida, o locutor melancolicamente continuava, dizendo: “...o volante. Aprendemos muitas coisas com bonecos. Ponha o cinto de segurança!”

 

            Como pôde a censura permitir tal tática que faz uso do medo? Este anúncio pôs bastante temor nos corações dos motoristas. A razão é clara: o anúncio estava falando a verdade. É mesmo algo temeroso estar numa colisão frontal se não estiver usando o cinto de segurança.

            O que estamos compartilhando com as pessoas é a verdade do Evangelho. A Bíblia alerta que “temeroso é cair nas mãos do Deus vivo.” (Hebreus 10:31) É certo que os pecadores devam temer, pois correm o risco da condenação eterna. Eles vão colidir de frente com a Lei de Deus. Deixem que vejam o Dia do Julgamento passar em câmara lenta diante de seus olhos.

 

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Versículo para Memorização

 

“Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.  Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”

 

1 João 1:8,9

 

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Últimas Palavras

 

Karl Marx, revolucionário, morreu em 1883. Para sua empregada, que insistia que ele lhe dissesse suas últimas palavras para que as registrasse para a posteridade, ele respondeu:

 

“Caia fora, ande – este negócio de últimas palavras é para tolos que não falaram bastante.”

 

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Tradução: Fernando Guarany Jr.